Release dos nove Grupos de Reisados e Samba de Roda das cidades do território Velho
Chico, que fica situada na região Oeste da Bahia. A pesquisa foi realizadas
entre 2012 a 2014. A pesquisa da primeira etapa municipal foi coordenador pelos produtores culturais Gilberto Morias e Vania Nogueira, os textos de release dos grupos e poesias de cordel é do poeta
Josemario Fernandes (I ETAPA) e da escritora poeta Tamara Rosene (II ETAPA).
II ETAPA TERRITORIAL - Ibotirama, Paratinga, Morpará e Barra
I
.
IBOTIRAMA - Grupo de Reis de Nêga
E o som do reisado atravessou as gerações... Tudo começou quando, ainda
menino, Seu Carmelho era atraído pelo ritmo dos ternos de reis que tinham em
seu pai, um devoto fervoroso. E o seu pai, já vinha seguindo o que aprendera
com o seu avô. O menino Carmelho foi se aproximando cada vez mais do reisado:
aprendeu o segredo do toque da caixa e passou a andar junto com o grupo de
reis, de porta em porta, pelos bairros e comunidades da redondeza onde morava.
Mais tarde, Zé de Louro, seu filho, sentiu no peito o mesmo chamado que
Carmelho sentira, quando menino. Aprendeu a tocar rabeca e até hoje se recorda
que esta era feita de madeira, cordas e linhas de pescar. Depois veio a
intimidade com o violão e aos poucos foi introduzindo o instrumento nas batidas
da chula. Não era de se estranhar que esse encantamento pela cadência dos
passos e pelos ritmos que reverenciam os Santos Reis, logo depois chegaria até
Nêga, filha de Zé de Louro e aos pés do pequeno Yuan, seu neto.
Atualmente, o grupo é composto por representantes de várias gerações.
Pai, mãe, tios, sobrinhos e netos. Há alguns anos, de vinte cinco de dezembro a
meia noite, até seis de janeiro, eles se esmeram em preservar o ritual que veio
sendo arrastado no próprio sangue. Primeiro cantam na Igreja, entoando o reis
da Lapinha, para depois continuarem a peregrinação pelas casas dos bairros
próximos e das redondezas. Saúdam os donos das casas e louvam os Santos Reis,
como se em seu canto gritassem para quem os ouve, que a batida do Reis do
Cantinho, comunidade onde residem e a voz dos seus antepassados, continua
ecoando pelo tempo...
BARRA - Grupo As mais Formosas
No dia 22 de janeiro de 2005, no município de Barra, Bahia, a professora
de dança folclórica Iraci Soares dos Santos (Pretinha), juntou-se a sua filha Vera
Lucia dos Santos Araújo (Chiquita) e a sua sobrinha Gezilda de Souza Gonçalves
(Dendê), para criar o grupo de danças folclóricas “As mais formosas”. O legado
da cultura popular, transmitido pelos seus antepassados, transformou-se em
instrumento para amenizar a rotina de mulheres da segunda e terceira idade, que
através da dança e da expressão corporal, vislumbraram outras perspectivas. A
possibilidade de resgate das manifestações tradicionais que surgiu com esse
trabalho, trouxe o desejo de preservação. Por isso, as crianças passaram a
fazer parte, como um elo entre as gerações do agora e as que virão. Mulheres de
diferentes idades, como numa celebração entre gerações, recebendo o sopro da
cultura sobre os seus dias, perpetuando a memória do seu povo e do seu lugar...
MORPARÁ - A A A D M, Associação
Afro - Cultural Arte e Dança de Morpará
Os ritmos do Samba, da Roda de São Gonçalo, do Reis do Boi e do Reis da
Mulinha, ecoaram por muito tempo pelo município do Morpará. Mas foram muito
mais fervorosos nos idos das décadas de 50 a 80, quando nasciam dos mestres Zé
Mudo, Marcelino Funcheca, Francelisa, Zulmira, Reginaldo, Janocona, Zé Daril,
Tintino Supeto, Ana de Fausta e tantos outros pandeiristas, rapadores de prato,
batedores de caixa, violeiros e sambadeiras, numa mistura de ritmos e passos,
que festejavam a cultura do povo ribeirinho. Com a partida dos mestres, aos
poucos as vozes foram se calando. Esse esquecimento das tradições motivou a
criação da A A A D M, Associação Afro - Cultural Arte e Dança de Morpará, em
outubro de 2007. De lá para cá, cada canto entoado, cada rima lançada e cada
passo executado, trás a tona a memória dos mestres populares que se foram.
Devolvendo as tradições, o seu devido lugar, na memória da cultura popular de
Morpará e na história dos ribeirinhos do Velho Chico.
PARATINGA - Zabumba Alecrim
Dos remanescentes de quilombolas do Tomba, nascia, há quase 50 anos, o
grupo de pífanos Zabumba Alecrim. Eram pescadores da comunidade de Boca das
Pedras que, em resposta a negação e ao preconceito sofridos, arrancavam dos
instrumentos rústicos, de fabricação própria, ritmos diferenciados e músicas
festivas. O som dos seus instrumentos foi aos poucos, abrindo portas e passaram
a se fazer cada vez mais frequentes, nas festas religiosas e nas festas
populares. O bairro do Tomba, berço cultural de Paratinga, cidade conhecida
como a “terra da música”, tem no som do Zabumba o traço das suas raízes
identitárias. A melodia que nasceu da diversidade do lugar, misturando
elementos da cultura africana com outras influências recebidas. Quando soam os
instrumentos, é como se fossem reavivados os passos das sambadeiras, as vozes
em coro das novenas, o colorido das marujadas e dos reisados, o balançar das
bandeiras e das saias. O Zabumba Alecrim é o ecoar das muitas vozes que estão
nos ritos e manifestações de Paratinga. É o ecoar da resistência, da cultura
que se perpetua...
I ETAPA MUNICIPAL - Muquem de São Francisco
Grupo de Reis Venâncio Brito
O Grupo de Reis Venâncio Brito é o único grupo de reisado de Muquem de
São Francisco, que todos os seus componentes são homens, e todos são da mesma
família que a mais de cem anos vem mantendo a tradição, cantando o Reis da
Lapinha, Reis do Divino, Reis de São Sebastião e os festejos de Santos Reis na
comunidade de Galegos que fica a 80 km da sede do município. O Grupo é que
confecciona seus instrumentos pifano, zabumba, caixa, maracaxá e reco reco e
viola. Senhor Vava responsável pelo grupo, conta que tudo surgiu, por que eles
vivenciaram durante a história de vida, os pais que eram cantados e sambadores
e mantinham esta tradição na comunidade, e os filhos que hoje estão velhos
pegava os instrumentos quando os pais iam para o roçado, para ficar batucando,
e com esta brincadeira hoje eles mantem com muito respeito e alegria as
cantigas.
Na comunidade de Galegos
Tem o Reis Venâncio Brito
Deu inicio em Paratinga
De lá pra cá se fez rito
Uma religiosa tradição
Que de geração a geração
Vem deixando seu legado
Há quase quarenta anos
Marchando em alvorada
No batuque e na pisada
De dezembro a janeiro
Cantando o seu Reisado.
Grupo de Reis de Riacho de Serra Branca
O Grupo de Samba de Roda de Santana, fica na comunidade de Reforma
Santana a 12 km da sede do município, os componentes do grupo são participantes
ativo do movimento agrário. Maria José é uma das responsável por manter os
sambas de roda acontecendo nas datas festivas da comunidade.
Com Respeito e gratidão.
Foi no samba de roda
A descoberta do lazer
Que o povo de Santana
Fez a alegria acontecer
Reformando a historia
O assentamento do novo
Que por volta de 15 anos
Faz a festa daquele povo.
Grupo de Reis de Dona Neuza
Comunidade Quilombola de Boa Vista do Pixaim
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