domingo, 6 de dezembro de 2015

Grupos Populares do Velho Chico participam do Encerramento das Atividades do Projeto Roda Popular


Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 a equipe técnica do projeto, Gilberto Morais, Vania Nogueira, Jarbas Ési e Viviane Soares circularam por quatro cidades ribeirinhas nas margens do Rio São Francisco nas cidades de Ibotirama, Paratinga, Morpará e Barra. Estas cidades fazem parte do território Velho Chico que fica no Oeste Bahia.
O projeto Roda Popular desenvolveu atividades voltadas para o processo de formação, com oficinas de construção de instrumentos percussivos, envolvendo crianças e adolescentes da rede pública municipal e os próprios mestre griô dos grupos beneficiados no projeto. Além de premiar os grupos com instrumentos e indumentárias.
Em cada cidade também foram realizados Shows Musicais Populares com os músicos, Sanfoneiro Gerri Cunha, Reginaldo Belo, Ivan Carinhanha, João Pereira e Dizão Moraes que apresentaram seus repertórios com músicas autorais e de domínio público, uma mostra de cantorias, chulas, mpb e forro pé serra, e assim foram as aberturas dos shows. E os quatro grupos de culturas populares, Reis de Nega e Senhor Carmelho do Cantinho, Zabumba Alecrim, Associação Afro - Cultural Arte e Dança de Morpará e grupo As Mais Formosas eram as atrações principais da noite em sues município de origem. Os shows musicais beneficiaram de forma direta e indireta mais de 1200 pessoas que tiveram acesso as atividades do projeto de forma gratuita.

As secretarias e coordenação de Cultura das quatro cidades contribuíram com o projeto, na divulgação e disponibilizando 300 cadeiras para a plateia assistir à programação popular e cultural que teve a presença dos músicos, Sanfoneiro Gerri Cunha e Reginaldo Belo em todas as cidades. O primeiro show aconteceu na cidade de Ibotirama na praça do coreto com o musico convidado Ivan Carinhanha e a noite ficou por conta do grupo de Reis de Nega e Senhor Carmelho do Cantinho. O segundo show foi realizado na cidade de Paratinga no Bairro quilombola do Tomba, onde o grupo zabumba vive, Dizão Moraes e João Pereira fizeram a abertura do show, e teve apoio do coletivo cultural. O terceiro show foi realizado na cidade de Morpará, na praça principal e a Associação Afro - Cultural Arte e Dança de Morpará mostrou a força que a cultura popular tem em mobilizar a população. O encerramento do projeto aconteceu na cidade de Barra do Rio Grande com o grupo As Mais Formosas, um grupo com quase vinte mulheres cantadoras de reisados, chulas e cantigas de roda.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

rumos 2013-2014: unidos pelo teatro e pela cultura popular

obra: Roda Popular (Encontro dos Grupos de Cultura Popular do Território Velho Chico)

selecionados: Vania Nunes Nogueira e Gilberto Gesse Morais Júnior
Ibotirama é uma cidade de pouco mais de 27 mil habitantes. Fica no oeste da Bahia e compõe, ao lado de outros 15 municípios, o Território Velho Chico. Por lá, mesmo sem muito recurso ou organização, os grupos de cultura popular como sambas de roda e reisados permanecem atuantes. Com o intuito de valorizar e incentivar esse trabalho, o casal Vania Nunes Nogueira e Gilberto Gesse Morais Júnior resolveu criar o projeto Roda Popular.
Nascidos em Ibotirama e envolvidos com arte desde muito cedo, a proposta deles não se restringe à cidade natal, mas abrange também Morpará, Paratinga e Barra. A ideia é apoiar os grupos populares por meio de oficinas de construção de instrumentos percussivos, além de promover apresentações para que essa cultura seja difundida. “Teremos shows com os grupos e artistas locais em praça pública contando a história de cada um que está sendo beneficiado com este projeto”, destaca Vania. “O público da cultura popular está acabando por não ter apoio”, complementa.
Vania e Gilberto estão há mais de uma década juntos e se conheceram em uma oficina de teatro experimental, ministrada pelo diretor carioca Yleci Ramos em Ibotirama. Ali, os participantes da atividade perceberam que seria interessante montar uma trupe. “O teatro mexeu comigo pela magia e poder de transformação que tem sobre a sociedade. Descobri que em Ibotirama tinha um diretor, o Aliomar Joaquim Pereira, que ministrava oficinas e já tinha formado vários grupos com o intuito de ajudar a juventude ibotiramense a desenvolver um senso crítico”, conta Gilberto.
Ele convidou Pereira, que aceitou a proposta, e em 2002 nascia o Teatro Afã. No grupo, Vania e Gilberto estreitaram a relação e selaram uma parceria que não se limitaria aos palcos.
O Teatro Afã permaneceu em atividade até 2006. No ano seguinte, Gilberto foi passar uma temporada no exterior. Ele seguiu para Londres em busca de conhecimento e novas experiências. Em contato com outra cultura, passou a imaginar o quanto poderia ser feito em sua região assim que retornasse ao Brasil. “Foi aí que comecei, junto com Vania, a fazer projetos para vários editais de teatro, cultura popular e outras linguagens artísticas”, conta.

De 2011 até o final de 2012, Gilberto atuou como coordenador de cultura no município de Muquém de São Francisco, que fica bem próximo a Ibotirama. “Foi quando tive contato direto com os grupos de reisados e sambas de roda nas comunidades ribeirinhas, quilombolas e assentamentos rurais. Percebi que eles estavam desestruturados e desorganizados por falta de apoio financeiro. Decidimos fazer este projeto Roda Popular que, na sua primeira edição, aconteceu só em Muquém”, revelou.

Após muita pesquisa, o casal descobriu que outras cidades do Território Velho Chico também tinham grupos populares importantes que precisavam de ajuda para resgatar essa história e dar continuidade às suas tradições. Souberam do Rumos e conseguiram aprovar a realização do Roda Popular em Ibotirama, Morpará, Paratinga e Barra.
Hoje, além do projeto e de atuar como produtor cultural, Gilberto é diretor da Cia. de Teatro Mistura, coordenador do Movimento de Teatro do Território Velho Chico e também presta serviços na Secretaria de Cultura do Ibotirama. Ele ainda encontra tempo para cursar psicologia. “Como geralmente acontece no interior, a vida profissional é bem diferente da cultural e nem sempre se juntam”, comenta Vania, que também cursa uma faculdade bem diferente da vocação artística: nutrição. A paixão pelo teatro, porém, não foi esquecida e ela a exerce como atriz na Cia. de Teatro Mistura.
Link: desta Matéria, http://novo.itaucultural.org.br/explore/blogs/rumos-2/rumos-2013-2014-unidos-pelo-teatro-e-pela-cultura-popular/